terça-feira, 11 de agosto de 2009

A QUESTÃO DAS IDADES NO FUTEBOL: LIBERTINAGEM

Há uns 5 ou 6 anos atrás levantou-se uma polémica com um jovem jogador que pretendia mudar de clube. Isto acontecia no Distrito de Leiria. Foi noticia de primeira página nalguns jornais e de debate também em jornais e nalgumas estações radiofónicas. A polémica sobre essa pretensão do referido atleta tinha a ver com uma lei que existia na altura, que quanto a mim para além de regular a actividade era moralizadora. Acentava essa lei no facto do atleta até à idade de 14 anos não ser negociável, ou seja, não existia qualquer verba estipulada na lei para a transferência, ao contrário do que sucedia para a idade imediatamente a seguir, como aliás ainda hoje sucede. Melhor: qualquer atleta, com idade até aos 14 anos só podia mudar de clube com a passagem do documento de desvinculação pelo clube ao qual estava vinculado. Diziam alguns que isto era um atentado à liberdade os miudos não se transferirem para onde bem quisessem. Eu lembro-me que chamei à nova lei, a actual, a lei da libertinagem. E hoje, volvidos estes anos, o tempo veio dar-me razão. Não queria que assim fosse, mas infelizmente a libertinagem vingou. É claro que o objectivo não era o favorecimento dos miúdos. Os mais poderosos passaram a ter campo livre para irem aqui e acolá buscar quem entendessem, os pequenos por outro lado, digladiam-se sem respeito uns pelos outros. Foi o que esta lei nos trouxe. A justificação para a implementação desta lei, dizia-se naquela altura, era uma determinação da União Europeia, para mim é a conversa habitual. Para se justificar o injustificável a União Europeia surge como a responsável em qualquer ramo e também no futebol. Assim sancionou-se de forma legal, através da lei obviamente, a libertinagem. É isso que hoje se assiste no futebol e dói quando através das escolas que os grandes, com a complacência de alguns dirigentes, montaram escolas de formação dentro de outros clubes que são utilizados muitas vezes para "deslocalizarem" miudos com o argumento de que pertencem a eles e estão em formação sob a sua orientação. Trata-se de uma nova versão no futebol da libertinagem. Mas a questão das idades e esta nunca constou que fosse uma determinação da União Europeia,não se fica por aqui. A questão relativa á indemnização a que os clubes tinham direito pela formação do atleta quando este atinge a profissionalização ia até aos 31 anos, agora depois dos 23 anos já não há direito à respectiva compensação financeira. É mais uma medida que põe a nu a filosofia que é seguida no futebol nacional, os pequenos cada vez têm menos direitos. Duas leis sobre idades bem elucidativas da libertinagem que se apoderou do futebol. Enquanto isto os dirigentes dos clubes chutam para o lado, preocupam-se mais com os resultados desportivos imediatos e esquecem-se que existe futuro.

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