terça-feira, 28 de dezembro de 2010

EIS DE NOVO, UMA VELHA/NOVA QUESTÃO: AS EQUIPAS B

O professor Pedro Mil-Homens defendeu a semana passada, no jornal A Bola, um novo projecto para os Quadros Competitivos, versando nomeadamente sobre equipas B.

Tenho a maior admiração pelo professor Pedro Mil-Homens, por isso com o devido respeito não posso estar de acordo com a sua opinião. E porque a discussão está lançada, deixo aqui um artigo de opinião que escrevi em Janeiro de 1999.
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UM OLHAR CRITICO SOBRE AS EQUIPAS B
Janeiro de 1999

Tenho a certeza que muitos não estão de acordo com as minhas ideias acerca da criação das equipas B. Mas como tenho um capital de confiança, quando opino sobre  estas questões do futebol, por força da razão que o tempo me tem dado, atrevo-me mais uma vez, como noutras ocasiões a remar contra a maré.

 Fala-se muito na formação, mas creio que esta não é a melhor forma de trabalhar nesta área, porque tenho quase a certeza que quando for preciso meter algum craque, para evitar uma descida, é  preterido aquele ou aqueles que neste momento estão a servir como argumento para a formação destas equipas.

Quem são os clubes que vão ter equipas B,s? Doutra maneira quem são os clubes com condições económicas para ter uma equipa B?

Noutros tempos existiram os campeonatos de reservas e acabou-se porquê? A razão fundamental foi o aspecto económico.

As equipas de reservas eram formadas na base dos jogdores oriundos dos juniores e no entanto os clubes não suportaram as despesas. Mas essa para mim não é a questão fundamental, na medida em que o mais importante é a dignidade que deve existir no desporto e não concebo que um campeonato nacional da II Divisão B, esteja sujeito a oscilações de acordo com a pretensão deste ou daquele clube. Penso que não tem lógica nenhuma esta situação. Uma II Divisão B, já envolve alguma responsabilidade e não pode estar sujeita a este tipo de situação.

Creio que não vão ter muito futuro estas equipas.

Poder-me-ão dizer que em Espanha, por exemplo, elas existem, mas tenho que repetir que as condições são outras. Há mais dinheiro, há mais estruturas, no fundo há outro tipo de condições e portanto não se pode de forma alguma importar modelos, como já tenho dito noutras ocasiões.

As equipas B´s tinham algum cabimento se fosse possível organizar um campeonato em que só essas equipas pudessem participar, isso sim, mas todos sabemos quanto isso é inviável, pelas razões já aduzidas atrás.

Penso que a colocação de jogadores em que se preveja algumas potencialidades em clubes com objectivos bem determinados, das divisões secundárias, seria a medida mais acertada para a evolução desses jogadores. O empenhamento e os objectivos  seriam diferentes , mais motivadores e mais interessantes.

Jogar numa equipa B, salvo uma ou outra excepção, vai ser um pesadelo, embora inicialmente, exista por parte do atleta uma enorme expectativa em ascender à equipa principal. Para  muitos vai ser o cemitério de muitos sonhos, ao pensarem que vão atingir o estrelato. Vamos ver se assim não vai acontecer.

Vai existir também da parte dos considerados grandes clubes, uma corrida aos mais pequenos para irem buscar um ou outro jogador que se "mostre".

Se estas equipas têm como principio a defesa da formação, pelo menos é isso que os defensores das mesmas defendem, o regulamento não devia permitir que a sua composição fosse composta por jogadores para além dos 23 anos e sobretudo por jogadores de nacionalidade estrangeira. A não ser assim os fundamentos não são verdadeiros e o processo está inquinado.

Penso ainda que um jogador tem  uma fase de maturação, decisiva, entre os 18 e os 20 anos, mas não será numa equipa B, porque não acredito que todos os restantes elementos estarão ao mesmo nível, ou seja, nem todos têm potencialidades para vingarem no futebol ao mais alto nível e portanto reafirmo o que para trás já ficou dito, a solução ideal para os que mostrem qualidades será rodar noutro clube com condições para o seu desenvolvimento.

Não acredito nas equipas B´s. Esta é a minha opinião e o futuro dar-me-á razão com  toda a certeza.        
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Esta opinião foi escrita há 11 anos.  Hoje escrevia o mesmo. O que é notório é que o tempo deu-me razão.


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