quinta-feira, 28 de abril de 2011

HOJE PARECE QUE HÁ MAIS GENTE DO MEU LADO

O FUTEBOL AMADOR E O DESPREZO A QUE TEM SIDO VOTADO

Em Julho de 2005, após a celebérrima AG da FPF do dia 30 de Junho, debrucei-me sobre as alterações introduzidas nos Quadros Competitivos da II e III Divisões e titulei a minha análise a essas decisões de : “ A ALTERAÇÃO FOI PIOR QUE O SONETO”.
Hoje, verifico, para desgosto meu, que mais uma vez as minhas observações e conceitos acerca das malfadadas alterações estavam absolutamente certos. Só não vê quem for autista ou pretender tapar o Sol com uma peneira.
Os Clubes da II e III Divisões foram completamente ostracizados. Ninguém os defendeu e hoje temos os famigerados playoff´s que é uma aberração para quem fez uma prova de regularidade e depois em meia dúzia de jogos hipoteca (como tem acontecido nalguns casos) uma época de trabalho e de sacrifício. Nuns casos, alguns acabam por descer quando obtiveram num campeonato de 26 jornadas uma classificação que lhes permitia manterem-se na mesma divisão. Noutros casos, veja-se, por exemplo, o Olivais e Moscavide, há uns anos atrás,   andou várias jornadas a jogar aos “feijões”, passo a expressão, porque desde há muito que estava apurado para a 3ª fase e o mesmo sucedeu com os outros que compunham a sua série, pois estes também sabiam que estavam unicamente a cumprir calendário, dado o avanço pontual com que aquele entrou na fase dos playooff’s. E, cabe aqui perguntar a ansiedade que os jogadores do Olivais e Moscavide sentiram ao longo das jornadas em que desesperam pela final com o outro Clube da série C !? Este caso do  bOlivais e Moscavide, que na altura fez correr muita tinta, é de facto a situação mais paradigmática que se pode evocar para se poder contestar este modelo que ainda hoje existe.
É isto competição séria  e valoriza os melhores ? Não, não é!
Alimentei alguma esperança que volvidos alguns anos em que esta má experiência foi posta em acção, a Assembleia Geral da FPF, mais propriamente dito as Associações se unissem e defendessem o interesse dos clubes e  viessem pôr cobro a situações destas, mas verifiquei e com grande desgosto meu que  os clubes destas divisões e também os dos regionais foram esquecidos.
Para aqueles senhores que têm um papel na mão (o voto) para decidir sobre futebol não sabem que existem clubes para além daqueles que são profissionais.
 As Assembleias realizadas, desde então e foram muitas, não trouxeram nada que nos satisfaça, ou melhor, trouxeram-nos uma novidade: Os clubes dos regionais  deixaram  de fazer parte das eliminatórias da Taça de Portugal. São estas originalidades que às vezes vão acontecendo no futebol que afastam dirigentes de craveira, que existem nestes clubes, por não terem estômago para engolir estas diatribes.
As Associações efectivamente perderam a noção das suas responsabilidades. Não defendem o papel que é o “seu” e alinham em certas coisas  que fragilizam e tornam os clubes  mais fracos e sem qualquer peso em termos de decisões que visem os interesses dos mesmos. Aceitam tudo o que lhes é impingido. Infelizmente os clubes não tomam medidas e assim são dominados e vilipendiados em decisões para as quais não tiveram qualquer opinião. É lamentável!
A culpa, atenção, não é da Federação. Quem nos representa são as Associações de Futebol e não colhe dizer-se que não vale a pena votar derrotada ou derrotadas. É preferível, na minha modesta opinião, votar derrotada por uma causa justa do que votar contrariamente aos interesses de quem se representa.
As competições podiam ter outra configuração que naturalmente defenderiam melhor os interesses dos clubes mas para isso era necessária vontade para o efeito. Assim como estão teremos num futuro próximo os clubes a disputarem os campeonatos do INATEL.
A redução que tanta celeuma produziu, não trouxe nada de bom para o futebol e digo isto desassombradamente porque foi esta a opinião manifestada pela grande maioria dos agentes desportivos que estão no terreno: jogadores, treinadores, dirigentes e até de uma parte significativa de jornalistas que percebem destas coisas.
Tive ocasião de opinar num trabalho do Record sobre a redução dos campeonatos em Fevereiro de 2000 e deixo aqui um pequeno extracto da minha opinião: “ Fala-se demasiado sobre a alteração dos campeonatos nacionais, mas discute-se muito pouco as suas incidências, isto é, se as alterações preconizadas trazem algo de benéfico, de novo, se são saudáveis ao desenvolvimento da modalidade, se provocam melhores receitas, se prestigiam esta actividade, sem suma: se o futebol fica a ganhar com essas alterações que alguns apontam para os Quadros Competitivos”.
O tempo veio dar-me razão e hoje, repito, tudo o que disse em 2000 concretizou-se, isto é, as consequências estão bem à vista. Para quê mais comentários!...
Não seria mais razoável e se quisermos até mais interessante em termos competitivos, as séries em qualquer divisão serem compostas por 16 clubes o que originaria um campeonato de 30 jornadas e evitar-se-ia esta fraude dos playoof´s?  Com certeza que sim. Mas tiveram tantas oportunidades para rectificar esta situação, mas a verdade é que ninguém deu um passo nesse sentido.
E assim vai o Futebol Amador ... 

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