quinta-feira, 7 de abril de 2011

A VERDADE DOS FACTOS


Recebi este escrito por email - de pessoa amiga -  e porque a verdade do que foi a minha geração está aqui bem explicita, não podia deixar de publicar esta versão de geração à rasca. 
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Para os que agora, andam na casa dos "trinta e tais"leiam isto devagar, porque isto era mesmo assim !
Geração à rasca foi a minha

Geração à rasca foi a minha. Foi uma Geração que viveu num país vazio de gente por causa da emigração e da guerra colonial, onde era proibido ser diferente, pensar que todos deveriam ter acesso à saúde, ao ensino e à segurança social.

Uma Geração de opiniões censuradas a lápis azul. De mulheres com poucos direitos, mas de homens cheios deles. De grávidas sem assistência e de crianças analfabetas. A mortalidade infantil era de 44,9%. Hoje é de 3,6%.

Que viveu numa terra em que o casamento era para toda a vida, o divórcio proibido, as uniões de facto eram pecado e filhos sem casar uma desonra.
Hoje, o conceito de família mudou. Há casados, recasados, em união de facto, casais homossexuais, monoparentais, sem filhos por opção, mães solteiras porque sim, pais biológicos, etc.

 A mulher era, perante a lei, inferior. A sociedade subjugava-a ao marido, o chefe de família, que tinha o direito de não autorizar a sua saída do país ou de ler-lhe a correspondência.

Os televisores LED, ou a 3 dimensões eram uns caixotes a preto e branco onde se colocava à frente do ecrã um filtro colorido, mas apenas se conseguia transformar os locutores em ET's desfocados.

Na rádio ouviam-se apenas 3 estações - a oficial Emissora Nacional, a católica Rádio Renascença e o inovador Rádio Clube Português. Não tínhamos então os Gato Fedorento, mas dava-nos imenso gozo ouvir Os Parodiantes de Lisboa, ou a Voz dos Ridículos.

As Raves da época eram as festas de garagem, onde de ouvia música de vinil e se fumava liamba das colónias. Nada de Bares ou Danceterias. As Docas eram para estivadores, e O Jamaica do Cais do Sodré para marujos.

A "Night" era para os boémios. Éramos a geração das tascas, das casas de fado e das boites de fama duvidosa. Discotecas eram lojas que vendiam discos, como a Valentim de Carvalho ou a Vadeca.

As Redes Sociais chamavam-se Aerogramas, cartas que a nossa juventude enviava lá da guerra aos pais, noivas, namoradas ou madrinhas de guerra.
Agora vivem na Internet, ora alimentando números de socialização no Facebook, ora cultivando batatas no Farmville. Os SMS e E-Mails cheios de k e vazios de assentos eram as nossas cartas e postais ou papelinhos contrabandeados nas aulas.

As viagens Low-Cost na nossa Geração eram feitas por via marítima. Quem não se lembra do Niassa, do Timor, do Quanza, do Índia entre outros, tenebrosos navios que, quando embarcávamos, só tínhamos uma certeza - a viagem de ida, quer fosse para Angola, Moçambique ou Guiné.

Ginásios? Só nas coletividades. Os SPAS chamavam-se Termas e só serviam doentes. Coca-Cola e Pepsi? Eram proibidas. Bebia-se laranjada, gasosa ou pirolito.

Na minha geração, dos jovens só se esperava que fossem para a tropa ou emigrassem.

Na minha Geração o país, tal como as fotografias, era a preto e branco.
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Hoje somos livres. Existem problemas? É verdade! Mas temos condições para inverter a situação actual, tão reclamada e bem, por muitos. Mas a minha geração não tinha nada. Nem  pelos mais elementares direitos se podia lutar, em Portugal,  quando o resto da Europa evoluia e criava melhores condições  de vida para os seus cidadãos.
O 25 de Abril trouxe-nos esperança. Mas cedo começou aquilo que alguns, eu próprio me incluo nesse pensamento, apelidou de contrarevolução, pois instalou-se no PODER uma casta de gente que nunca mais o largou. Já aqui escrevi, sobre o CIRCULO INFERNAL. O que é que isto quer dizer? Que têm sido sempre os mesmos a governar, com as mesmas ideias, as mesmas políticas e portanto, ora agora estão na Assembleia da Republica, outras vezes estão no Governo e ainda outras vezes estão no Conselho de Estado e quando circunstancialmente estão de fora aparecem como comentadores politicos. É este o País que temos, que foi ficando amorfo, que adormeceu e que esta geração que se diz à rasca tem ajudado a construir. 

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