quarta-feira, 29 de setembro de 2010

ESTA GENTE, ESTE POVO, ESTA SOCIEDADE, ESTA COMPLEXIDADE EM QUE VIVEMOS

                   Fomos um povo amordaçado durante um periodo         significativo da nossa história recente. Isso ainda hoje nos inibe de pensar claro, existem gerações que vêm desse tempo e que educaram os seus filhos segundo os conceitos dessa altura..

 Desde que existimos como Nação,  a partir do seculo XII,  fomos consolidando o território que é hoje nosso com a conquista do Algarve já no século XIII, sendo por isso a Nação da Europa com as  fronteiras mais antigas. 

Com cerca de nove séculos de história, temos dado ao Mundo grandes  homens, grandes cerebros, em qualquer momento da nossa vida colectiva. De forma alguma somos menos capazes que os outros. Ao longo  dos nove séculos de existência, Portugal sempre criou filhos que foram os melhores do Mundo nas suas actividades. 

Escrevemos páginas gloriosas ao desbravarmos novos caminhos na época dos descobrimentos. Partimos à aventura, mas com estratégia. Fomos descobrindo novos Mundos, novas culturas.  Espalhamos a nossa lingua, os nossos hábitos e costumes, pelos territórios que iamos desbravando. Demos dimensão territorial a este espaço aqui plantado num extremo da Europa.

Fomos construindo a nossa identidade, mas os 48 anos de obscurantismo que tivemos que viver, tolheu o pensamento colectivo. Houve obviamente quem não se agachasse, mas de um modo geral à  nossa gente foi-lhes quartado o pensamento, a cultura, a instrução, mesmo assim, houve sempre gente de pensamento, do desporto, da cultura,  de grande valor que se evidenciaram e que deram nome a este País.

De propósito não refiro nenhum dos grandes homens de Portugal, não quero cometer o  pecado de não nomear algum ou alguns que de certeza ficariam de fora da minha análise, pois são tantos os nomes que se distinguiram pelos séculos fora que naturalmente era impossível nomear todos eles.

Fomos caminhando, de vez em quando com dificuldades, com percalços, como acontece até na própria vida de cada um de nós e chegámos aos dias de hoje. Aos dias de hoje cheios de dúvidas, de incertezas, de dificuldades e pior do que tudo isto a andar, a andar mas para trás, a perder direitos e a regressar a um passado de fome, de miséria.

Enquanto uns quantos senhores bem anafados vão à televisão dizer e proclamar que é preciso reduzir salários. Paulo Teixeira Pinto, que recebeu uma indemnização do BCP na ordem dos 10 milhões e recebe um pensão anual de 500 milhões; Ernani Lopes, reformado do Banco de Portugal desde os 47 anos, com uma pensão choruda e a desensolver a actividade na Fundação Luso Espanhola; Campos e Cunha reformado do Banco de Portugal desde os 49 anos de idade, trabalhando apenas 6 anos naquela instituição,  recebe 8 mil euros por mês. Seria fastidioso estar a enumerar muitos outros que todos conhecemos e que passam pela televisão e outros órgãos da comunicação social a pedir a redução de vencimentos para aqueles que recebem umas migalhas ao fim do mês.

Desgraçado povo este que labuta, que trabalha, que se sacrifica no dia a dia, que ouve falar de offshores, de mercados, de crise financeira, de corrupção, de chorudas reformas, de OCDE, de FMI e fica indiferente a tudo isto, porque alguém disse um dia "trabalhem porque para pensar estamos cá nós" e assim se foi adormecendo toda uma sociedade, que não percebe o que se passa à sua volta e desiludida baixa os braços e aceita todos estes acontecimentos como inevitáveis.

A esperança reside nos outros, isto é, o que os outros conseguirem é também para nós. Foi isto que nos ensinaram estes crápulas que nos têm dominado e que urdiram bem estas estratégias

E é neste Mundo complexo  que actualmente vivemos e que de vez em quando aparecem abutres que comem  a carne tenrinha, deixando para os outros os restos a que se chama vulgarmente  a carcaça.


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