sábado, 7 de março de 2009

AS IDEIAS SÃO COMO SÃO E EM CRISE QUANTAS MAIS MELHOR

Tocou-me a mim em 1989 ir ao Forum Picoas, na condição de elemento da Comissão Sindical do Banco Totta & Açores, defender a nacionalização deste Banco. Aquele Forum estava repleto de gente, nomeadamente de gente ligada ao capital e defensores da Privatização, foi preciso por isso grande coragem para num ambiente hostil ir defender uma causa condenada ao fracasso, mas era necessário marcar posição e frontalmente enfrentar aqueles senhores que estavam ali, tal qual como os abutres se posicionam para comer a presa quando a oportunidade se lhes depara. Foi a primeira vez que enfrentei uma plateia tão vasta e ainda por cima, como digo, tão hostil. Recuando a esse tempo, lembro-me que a minha intervenção se baseava essencialmente, no facto daquele Banco particularmente e a restante Banca em geral contribuirem com os seus lucros para o Orçamento Geral do Estado o que equivalia por dizer que a Privatização da Banca viria retirar ao OGE receitas importantes e no futuro obviamente teria os seus reflexos, sobretudo na área social. Em 1989, ainda se ouvia dizer ou até mesmo alguns sectores da sociedade reivindicavam que algumas alavancas da nossa economia deviam manter-se nacionalizadas pela influência na economia nacional. A Banca, os Seguros, os Cimentos, a Petrogal, a Electricidade, a Água, são vectores importantes e determinantes em qualquer economia e por essa razão deviam estar nas "mãos" do Estado. Eu sei que por estarmos integrados na Comunidade Europeia, há algumas nuances nesse aspecto, mas se houvesse vontade política .... Os tempos, hoje, são outros, os nossos comentadores de economia, formados nestes últimos anos nas nossas Universidades, orientadas por homens de direita, têm horror quando se fala nas nacionalizações mas paradoxalmente estiveram de acordo quando agora o Governo recorreu a esse método para salvaguarda, não dos que precisam mas mais uma vez em defesa daqueles que especularam e lucraram com a situação. Ainda há poucos dias foram conhecidos os lucros da Petrogal e da EDP, lucros fabulosos convem dizer, mas a pergunta sacramental é esta, a quem se destinam esses lucros? E a resposta é tão óbvia que não é preciso pronunciar-me, todavia, poderei perguntar também, se os lucros daquelas Empresas fossem encaminhados para o Orçamento Geral do Estado, não beneficiariamos todos com isso ? O momento presente justifica todas estas minhas reflexões. E o recuo no tempo como forma de reavivar a memória, se valerá a pena ou não isso é outra questão.

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