FIGURAS DO MEU CLUBE, NUNCA ESQUECIDAS

GALERIA DE CAMPEÕES

UM CLUBE COM HISTÓRIA TEM SEMPRE FIGURAS QUE ESTÃO PARA ALÉM DO TEMPO EM QUE VIVERAM

VICENTE CALEYA RIBEIRO

Figura inolvidável na vida do Clube

Figura inolvidável na vida do Clube bem merece ser recordado apesar de nos ter deixado há cerca de 10 anos.

Caleya Ribeiro foi durante a sua vida um apaixonado do Clube. Viveu intensamente os problemas e os êxitos do Futebol Benfica. Este Clube fez parte integrante da sua família. Aqui ganhou amizades, respeito e admiração de todos. Os tempos eram outros e para além dos méritos incontestáveis daquele homem, o Futebol Benfica era ou foi o paradigma de um Clube em que os laços de sã convivência e amizade se frutificavam com uma simplicidade muito grande e Caleya Ribeiro dotado de grande sensibilidade humana e de grande carácter fazendo jus a esses predicados soube durante a sua existência merecer o respeito e a amizade de todos aqueles que com ele tiveram o privilégio de lidar de perto.

Pertencendo a uma família de recursos económicos fora do vulgar, bem colocado na sociedade da altura, este homem viveu o Clube com empenho, devoção, sempre preocupado com o presente e o futuro, ajudando de forma efectiva monetariamente tanto a Colectividade como qualquer sócio ou atleta que ele se apercebesse que tinha dificuldades.

Era um homem inteligente e com uma visão extraordinária das coisas. Prestou relevantes serviços ao Clube quer como dirigente quer como simples associado. Faleceu aos 98 anos, com alguma mágoa, porque revelou muitas vezes que gostaria de viver até ao ano 2000 para completar 100 anos de vida. Serviu o Clube durante sete décadas de forma muito empenhada e dedicada. Para ele o Futebol Benfica era intocável, defendeu sempre os interesses do Clube com mestria e saber e foram poucas as vezes que não levou de vencida os seus desígnios em benefício da colectividade.

Foi durante a sua juventude atleta de futebol do Clube. Apresentava-se nos jogos no seu carro próprio mas com motorista particular, se hoje é um luxo o que não seria naquela época, mas esse status não lhe dava qualquer primazia sobre qualquer outro porque Caleya sabia distinguir bem as coisas. Depois de abandonar a actividade desportiva dedicou-se de alma e coração ao seu Clube e como já atrás ficou dito prestou brilhantes serviços ao Clube e sempre de forma desinteressada.

A exigência que punha na sua acção era extensiva ao campo desportivo. Era digamos quase insaciável, isto é, mesmo ganhando exigia sempre mais, mas era uma exigência salutar e compreendida por todos porque adornava os seus actos e exigências com educação e diplomacia.

Fica para a história a cena do stick em Vigo (Espanha). Em 1949 o Futebol Benfica participa num Torneio Internacional de Hóquei em Campo naquela cidade espanhola cujo troféu em disputa foi um stick em cobre banhado a prata. No final à boa maneira dos nossos nuestros hermanos quiseram entregar a miniatura do referido stick ao capitão da equipa do nosso Clube e Caleya Ribeiro fazendo prevalecer a justiça conseguiu agarrar no Troféu em disputa e passá-lo às mãos dos nossos valorosos hoquistas, proclamando: “defendem-no, foi ganho com o vosso suor”.  E o stick veio para Portugal e faz parte do nosso espólio desportivo. Aqui está pois a forma decidida e eficiente de resolver o problema a favor do Clube mas com toda a justiça e em defesa da verdade desportiva.

Caleya Ribeiro foi também dirigente da Federação Portuguesa de Futebol e foi o principal dirigente desportivo deste País que influenciou as autoridades estatais a criar o Centro de Medicina Desportiva a fim de que todos os desportistas tivessem acesso aos cuidados médicos, muitas vezes os atletas do Clube por força do nome de Caleya Ribeiro e pela sua acção nesta área foram beneficiados sendo inspeccionados antes dos outros.

Para que a história não esqueça este homem e este futebolbenfiquista de grande estirpe aqui fica este apontamento que peca por defeito, mas não deixa contudo de pôr em destaque o homem, o dirigente e a pessoa.

A história do Clube Futebol Benfica jamais esquecerá VICENTE CALEYA RIBEIRO.        

(Publicado no jornal do Clube em Setembro de 2007 – por Domingos Estanislau)

GUILHERME VALENTIM

Um dirigente de grande craveira

GUILHERME ANTUNES DA SILVA VALENTIM, nasceu a 16.10.32 em Lourenço Marques (Maputo). É um sócio muito prestigiado, devido não só à sua dedicação ao clube mas também pela sua verticalidade, correcção e saber estar nas situações em defesa dos interesses do Clube.

GUILHERME VALENTIM, como é habitualmente tratado pelos que lhe são mais íntimos, tem dedicado toda a sua vida ao Clube. É sócio desde 2.5.56 tendo o nº 162 sendo ainda sócio  de Mérito com o nº 68.

Jogador de bons recursos, foi durante muitos anos o avançado centro da nossa equipa principal de futebol.

O 1º cargo que desempenhou como dirigente do Clube foi de Secretário Geral e caso curioso sem ser sócio. Foi admitido exactamente como sócio na primeira reunião de Direcção em que participou.

Durante 25 anos consecutivos foi dirigente – um  Record difícil de ultrapassar. Ocupou os cargos de Vice-Presidente da Direcção e Presidente, Presidente do Conselho Fiscal, Presidente da Assembleia Geral, foi ainda Presidente do Departamento de Estádio e pertenceu  a Comissões de Festas e Comissões de Bares. Após dois anos de afastamento da vida de dirigente regressa sendo actualmente e novamente Presidente do Conselho Fiscal.

Faz agora precisamente dez anos que o Clube foi campeão nacional de hóquei em campo, tendo a Federação da modalidade retirado o título e entregando-o ao União de Lamas por razões que tinham a ver com os cartões do Centro de Medicina. Na verdade tratava-se de uma grande injustiça. Havia que recorrer e repor a verdade. Não era uma situação fácil, muito embora a verdade estivesse do nosso lado. Era necessário expôr a nossa razão.  GUILHERME VALENTIM, após noites de intenso trabalho, redigiu a exposição que o Clube viria a apresentar às Instâncias Superiores de tal forma ela foi bem elaborada e concisa que pouco tempo depois o Clube era detentor do título que com todo o merecimento e galhardia os nossos briosos jogadores haviam-no ganho no campo desportivo. GUILHERME VALENTIM acabou por ser vencedor de um campeonato nacional de hóquei-campo sem nunca ter praticado a modalidade. Referimos este facto porque realmente é digno de realce todo o empenho e saber que VALENTIM conseguiu expressar na sua brilhante exposição.

Mas falar de GUILHERME VALENTIM tem tão de fácil como de difícil. É que, os seus feitos em prol do Futebol Benfica são tantos que é difícil saber-se qual deles é o mais importante.  Sintetizando poderemos dizer que é um grande dirigente, de grande carácter, é , na verdadeira acepção da palavra um dirigente de corpo inteiro.

(Publicado no Boletim do Clube  nº 11 em 1989)

GILBERTO MOREIRA DA SILVA

O homem das múltiplas funções

Quem é que das pessoas ligadas ao Clube há uns anos não conhece o GILBERTO ?

GILBERTO MOREIRA DA SILVA é natural de Lisboa onde nasceu em 26.07.30. É sócio do Clube desde 13.4.43 e é actualmente o nº 55.

GILBERTO MOREIRA desenvolveu um ror de actividades no Clube, quase poderíamos dizer que não houve nada que ele não fizesse.

Começou por pertencer a uma Comissão de Festas, onde foi largo tempo o principal dinamizador dessa Comissão; fez teatro; foi seccionista de hóquei em Patins ; esteve ligado à Associação de Hóquei em Campo em representação do Clube Futebol Benfica; foi ensaiador da Marcha de Benfica e Presidente da Direcção do Clube.

Com todos estes serviços prestados à Colectividade, GILBERTO MOREIRA granjeou amizade e simpatia na massa associativa o que lhe valeu também ser proposto para sócio de Mérito e de Benemérito em Assembleia Geral a qual aprovou por unanimidade.

Nos últimos 20 anos toda a sua dedicação esteve ligada à Marcha de Benfica, foi por assim dizer o ensaiador permanente. É importante que se diga também que funcionou sempre gratuitamente

Este é o retrato clubista de um homem que ao Futebol Benfica tem dedicado um bom par de anos.

(Publicado no Boletim do Clube nº 10  em 1989)

 

AURÉLIO PAIS

O ORGANIZADOR, O METÓDICO

AUGUSTO AURÉLIO SANTOS  PAIS, juntamente com  Guilherme Valentim foi o responsável pela minha integração nos Corpos Gerentes do Clube. Decorria o ano de 1970 e era preciso formar Direcção. Sou “apanhado” de surpresa, quando conduzia o meu Ford Escort que o tinha estreado há dois três dias e depois de 26 meses de Moçambique na guerra colonial estava a desfrutar de um prazer que me dava conduzir um carro novinho em folha e que na altura não estava ao alcance de todos como agora acontece e ainda bem. Aqueles dois senhores, “grandes homens” do FUTEBOL BENFICA, fizeram-me sinal, que percebi ser para falar comigo, na Rua João Frederico Ludovice, portanto junto às instalações desportivas, a Sede ainda existia na Rua Cláudio Nunes.

Aceitei o desafio que ali me foi posto com entusiasmo, conhecia já muito da história do Clube e não podia rejeitar tal convite vindo de onde vinha, ou seja, de duas personalidades que me habituei a admirá-las desde os meus 10/12 anos quando comecei a frequentar o Clube pela mão do meu tio Gilberto. Não posso deixar de atribuir uma quota de responsabilidade ao meu tio Gilberto (grande homem também) tendo sido ele que me introduziu o gosto e a paixão pelo FUTEBOL BENFICA.

O Sr. AURÉLIO PAIS, como sempre o tratei, conheci-o como um homem bastante organizado, metódico, respeitável, de bom senso e para além destes predicados um homem do FUTEBOL BENFICA.

Funcionário da Companhia Reunidas de Gás e Electricidade, prestou serviços relevantes ao Clube na sua esfera de acção naquela Companhia quando era necessário a sua mão para qualquer assunto relacionado com o Clube.

Foi importante na vida do FUTEBOL BENFICA enquanto teve saúde, tratava-se de um aglutinador de “boas vontades” estabelecia com alguma facilidade “pontes” entre os que pensavam de maneira diferente, era, digamos, por excelência um conciliador, tendo sempre presente como objectivo servir o FUTEBOL BENFICA, o melhor possível.

Metódico e organizado, como está demonstrado no Relatório, que se publica neste rol de recordações que fazem a história brilhante deste Clube, na deslocação a Bruxelas.

Deve-se a ele grandes organizações do Clube, nomeadamente quando se tratava de Hóquei Campo.

Foi um dos grandes dirigentes que conheci e que de algum modo veio a influenciar-me ao “meter-me no corpo o bichinho” do FUTEBOL BENFICA.

Sei que teve por mim sempre uma grande admiração e respeito e eu sempre retribui da mesma maneira, sem hipocrisias, com lealdade e admiração porque era um homem na verdadeira acepção da palavra.

Não podia de forma alguma deixar de constar neste rol de homens de grande valor que passaram  e fizeram a história do CLUBE FUTEBOL BENFICA

(3 de Março de 2008)

Há muitos nomes que irão fazer parte desta moldura que vai continuar por estes dias. Recordar estas pessoas que muito deram a este Clube, é mais que um dever, é uma obrigação